segunda-feira, 20 de março de 2017

Doce de tarumã

Lá em Piracaia temos dois pés de tarumã (Vitex montevidensis) e está em plena safra. A árvore robusta, que pode atingir até 12 metros (as nossas são bem menores), ocorre naturalmente de Minas Gerais até o Rio Grande do Sul, Uruguai, Paraguai e Argentina.

Nas safras anteriores não consegui aproveitar e deixei para os passarinhos. Mas agora deu certo o tempo e a disposição em descobrir como aproveitar melhor, já que a fruta in natura não é muito encantadora. A polpa é docinha, mas escassa e grudada à semente. E a casca é mastigável, mas sem muito sabor. Depois de comer umas 30 você começa a entendê-la, a reconhecer um sabor peculiar de manteiga tostada e passa a gostar. Ainda assim não é lá uma jabuticaba. Então, o melhor a fazer é tentar aproveitar de outra forma.

Pra fazer suco não deu muito certo. É impossível triturar a polpa sem triturar a semente. Não tentei fazer licor nem o fermentado dos índios (ouvi dizer que fazem um tipo de vinho).  Parece que o nome tarumã, em tupi-guarani, significa "fruta escura de fazer vinho". Tentei fermentar com sal e também não gostei. Mas cozido em caldo ácido de picles ficou gostoso.  Porém, o de que gostei mesmo foi do doce, ou chame de geleia, chimia, não importa. Ficou mais para doce cremoso. Como falta ácido, juntei limão, o que fez aumentar a intensidade da cor - a antocianina presente reage bem à presença do ácido, tornando o pigmento mais avermelhado. A textura fica bem interessante, meio pedaçuda. Para isto tive que cozinhar os frutos e passar por cesta de fritura, pressionando com a mão para reter as sementes sem quebrá-las e passar só a  polpa. Com peneira comum você vai ficar um tempão para separar as duas coisas.

Antes de passar a receita, devo dizer que muita gente procura a fruta por ser medicinal - para melhorar a circulação, contra o excesso de ácido úrico e de colesterol, contra reumatismo, hemorroidas e dermatoses.
Para quem quiser plantar, procure no viveiro Ciprest, de Limeira  - link aí do lado.

Doce de tarumã 

1 kg de tarumã
250 g de açúcar cristal orgânico
Suco de 1 limão rosa sem sementes

Lave bem as frutinhas, escorra, coloque numa panela de preferência de aço inoxidável, cubra com água limpa, deixando mais ou menos uns dois dedos acima do tarumã. Leve ao fogo médio para cozinhar por cerca de meia hora ou até que as frutas estejam bem macias. Passe por peneira de fritura, apertando bem com uma espátula ou com as mãos para reter as sementes. Junte um pouco mais de água para lavar as sementes e passe novamente pela peneira - para aproveitar o máximo possível de polpa e casca. Leve ao fogo novamente na mesma panela com o açúcar e o limão. Cozinhe em fogo médio até ganhar uma consistência de doce. Coloque em vidros limpos, aferventados e secos, tampe e guarde na geladeira por até 15 dias. Sirva com queijo, no pão etc.
Com creme de mandioca e iogurte - mandioca cozida, bem macia,
batida com iogurte em quantidade suficiente para bater. Açúcar
a gosto e uma pitada de sal. Despeje em copos e coloque por
cima um pouco do doce. 

5 comentários:

Leticia Cinto disse...

Oi Neide! Isso que vc fez com o tarumã (a?) deve dar pra fazer com cabeludinha também né? Tô de olho em uma árvore de cabeludinha em uma praça que está cheinha de botões, a safra promete :)

Xylema disse...

Neide, experimenta o método tradicional de extração da polpa do Açaí: Uma peneira e usa a mão para ir macerando apertando as frutas.

Neide Rigo disse...

Letícia,
acho que funciona também.

Alex, eu testei, mas não gostei, não. Demora muito. Cozinhando (e já que pra fazer geleia precisa mesmo cozinhar), achei mais fácil. Obrigada!

Um abraço,n

Lia disse...

Neide , um passa-verdura não conseguiria fazer essa missão de separar o caroço da polpa?

Unknown disse...

Oi Neide tbm sou de piracaia como achar sementes ou uma muda de trauma obrigada