quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Comida de mãe e de pai




Só mais uma coisa a respeito de minha ida a Curitiba. Não é exatamente em Curitiba onde meus pais moram hoje, mas é como se fosse, pois São José dos Pinhais é do lado, como São Paulo e Osasco. E é onde fica o aeroporto da capital. Embora tenham saído do sítio em Fartura e se mudado para uma casa na cidade, a roça nunca saiu deles. 

Mesmo durante os cerca de 30 anos em que viveram aqui em São Paulo, onde os filhos nasceram e se criaram, os dois conservaram costumes caipiras. E agora, no Paraná, não é diferente. Está certo que eu tinha muito mais histórias pra contar sobre Fartura, mas eles se adaptam bem a qualquer lugar desde que lhes sobre um pedaço de terra para plantar, ainda que seja uma faixa estreita da calçada. No jardim não há só cosmos, begônias, adálias, rosas e aleluias, mas também pés de almeirão roxo, tomate, limão, jabuticaba, pimenta, jiló, quiabo, orelha de padre, chuchu, tudo junto e misturado. Meu pai Toninho cultivava café em Fartura e agora não desperdiça os poucos grãos que amadurecem no quintal da casa de minha irmã Fátima, de muro colado. Já dá pra matar a saudade do café torrado por ele e moído na hora. Por outro lado, Dona Olga adora galinhas e ovos recém-postos de gemas quase vermelhas e,  enquanto vizinhos não reclamam, uma meia dúzia delas cacareja num canto do quintal, se alimentando com sobras do hortifruti do bairro. Na calçada, cúrcuma, rosas, taioba, almeirão, jasmim, espinafre. Sentem-se em casa. E a comida de Dona Olga continua gostosa como seu Toninho sempre diz, seja no sitio ou na cidade. "Não sei que tanto você fica querendo pegar receita dos outros, os outros é que tem que aprender com você", diz ele quase que ranzinzamente querendo elogiar. 

Calçada com flores e espinafre

Calçada com cúrcuma e flores

Calçada com taioba 


Jardim com tomate, couve, pimenta, galinheiro



Dona Olga com ovo quentinho

Seu Toninho colhendo café 

12 comentários:

Nadja disse...

Que delícia de post. Me lembrou meus pais e avós, lá no interior de minas.

Lorena disse...

Neide, tenho duas grandes amigas que moram em São José. Este ano estou me programando para ir visitá-las, eu ainda não conheço o Paraná, será minha primeira vez. Vou me lembrar de você e dos seus pais, com certeza.

Adoro seu blog!

Unknown disse...

Nossa, que delicia ver essa folha linda de Taioba.

Show de bola!

Um abraço,

Mariangela disse...

ahhh mas que legal Neide.Mande um abraço a seus pais e deu vontade de dar um beijo na bochecha de dona Olga!!!Belas recordações dos dias passados com eles em Fartura.Lembro que entrei na piscina com dona Olga e conversamos tanto,mas tanto,que acho que virou noite e nem vimos!!! Beijos em voces.

aveloh disse...

Neide, uma coisa de Curitiba e do Paraná em geral (pelo menos das regiões com polacos) que talvez possa te interessar: o pepino azedo. Não é conserva de pepino em vinagre como do costume alemão. O pepino é azedado numa mistura de água, sal, endro e folha de parreira. Quem não está acostumado estranha um pouco, pois tem um amargor no fundo, mas é extremamente digestivo. A água que resulta da fermentação, opaca e verdolenga, é, segundo meus parentes polacos, paliativo para males do estômago.
Um abraço

maria luisa disse...

Que delícia esse post!! Meu pai tb é um plantador, sem mesmo nunca ter sido colono. Nem sempre colhe com qualidade o que planta. Dá peninha! Mas nunca desiste do alto dos seus 83 anos.
O pequeno espaço que os seus ocupam plantando, é prova de que qdo se quer, não existe o impossível!!
bj

Anônimo disse...

Neide, que delícia de post. Meus pais tb são assim como os seus. Viveram por muito tempo na roça e agora vivem na cidade. Meu pai tem uma verdadeira fazendinha na frente de casa. Tem jabuticaba, tomate cereja, pimentas, temperos, roseiras, hortênsias, gerânios, e muito mais. Cuidar das plantas é uma terapia para ele, que está com 75 anos. Acho uma pena que a maioria das pessoas prefira cimentar o quintal, para não sujar ... Bjs, Liliana.

Neide Rigo disse...


Nadja, boas lembranças!

Lorena, você vai gostar, tenho certeza.

Academia, pois é, as taiobas se deram bem por lá.

Mari, ela também se lembra sempre desta visita. Será um dia vocês ainda voltam a se encontrar?

Aveloh, fiquei superinteressada neste pepino.

Maria Luisa, espero que meu pai siga animado até a idade do seu pai.

Liliana, seu pai tem a idade do meu. Sorte deles serem assim.

Um abraço, N

Guilherme Ranieri disse...

Explicada está a habilidade de conseguir cultivar em espaços diminutos!

Anônimo disse...

Neide: fiquei feliz em ver essas plantações em calçada. Nossa proposta (meu marido e eu) é de que devemos aproveitar cada espaço na cidade e compor espaços de biodiversidade com alimentos, flores,... compondo uma estética ainda pouco aceita. Como nossa rua é sem saída, também plantamos nessa calçada e a tua foto é muito parecida com o nosso espaço! Também plantamos na calçada, também torramos café,.... enfim...., é muito gostoso vermos outras pessoas assim! Não estamos sozinhos!!!!! Bjs
Nedi Röpke

Celina disse...

Viajei com vc ao ler este texto! Moro em São Paulo, mas nasci em Curitiba e passei parte da infância e da adolescência em São José dos Pinhais. Lembro das calçadas largas, dos jardins e quintais molhados do orvalho da manhã, dos pardais gordinhos pousados nos muros... Que saudade!...

Neide Rigo disse...

Guilherme, pois é, veja que não estou na moda.

Nedi, também fico feliz quando descubro que não estamos sós.

Celina, bom saber que isto ainda resiste, né?

Um abraço, n